Vendas pela internet alavancam economia solidária no país


31/03/2005

A economia solidária ganha mais um novo aliado para a venda de produtos: a internet. Além de ser um espaço de comunicação e de divulgação, a web tem se mostrado também um ótimo meio para a prática da chamada economia solidária no Brasil. Participação de todos os trabalhadores nas decisões da organização, busca pela melhoria das condições sociais da comunidade local e adesão voluntária ao trabalho são algumas das características dos grupos de produção da economia solidária.

Claiton Manfro, da Agência de Desenvolvimento Solidário da Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Rio Grande do Sul, explica que as cooperativas e associações surgem a partir do desemprego, da violência familiar e da falta de habitação. Não há dados oficiais sobre a quantidade de empreendimentos nessa área em âmbito nacional, mas no Rio Grande do Sul a estimativa é de que 550 associações e cooperativas geram oportunidades para mais de 30 mil pessoas, oferecendo uma renda média mensal de R$ 300. “A economia solidária é hoje a alternativa mais importante dentro dos movimentos populares e sindicais para a geração de empregos da população excluída”, explica o Secretário Nacional de Economia Solidária, o professor Paul Singer.

Para os militantes da economia solidária, a criação, pelo governo Lula, da Secretaria Nacional de Economia Solidária, ligada ao Ministério do Trabalho, foi um grande avanço para o cooperativismo. “Existem linhas de financiamento que estão contribuindo para o fortalecimento da economia solidária no Brasil, visando elevar a renda das populações menos favorecidas”, explica Monalisa Stefani, que inaugura, na próxima quinzena, uma loja de comercialização de produtos da economia solidária, em Curitiba.

O que diferencia essa nova forma de produção daquela empregada no sistema tradicional? A resposta está justamente na maneira como a organização é criada e seus princípios fundamentais. A participação de todos os funcionários na hora de decidir as questões da empresa é uma das principais características dessas organizações, além do compromisso com a comunidade e com o desenvolvimento local. Associações, cooperativas de distribuição e serviços, grupos solidários de produção e trabalho, mutirão e trabalho voluntário são algumas das formas de organização desses grupos.

Lojas de comércio virtual, como a SocialWeb, vendem produtos de organizações não governamentais. No período de agosto de 2004 a fevereiro de 2005, o comércio no varejo realizado pela empresa gerou um rendimento total de R$ 10.658, destinados às ONGs parceiras. Um aumento de quase 108% em relação ao mesmo período do ano anterior.

As vendas pela internet, que em 2004 cresceram 30% em relação a 2003, estão conquistando mercado para os produtos da economia solidária. “Essas pessoas decidem comprar porque acreditam no diferencial socioeconômico”, explica Alexandre Moraes, coordenador da SocialWeb. Mas é preciso atenção: nem todos os produtos vendidos por grupos solidários e ONGs estão de acordo com a economia solidária. (segue)

Juliana Lanzarini

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