Facespam, chatwitter e a relevância na internet

* por Tom Coelho 

“Todos os homens são importantes para si mesmos.”
(Samuel Johnson)

Estou inscrito em diversos grupos no Facebook e no Linkedin. Note que disse “estou inscrito” e não “participo”, porque no segundo caso seria necessário envolvimento e interação, o que sinceramente não tenho oferecido – você compreenderá o porquê no decorrer deste texto.

Recentemente recebi uma mensagem do fundador de um destes grupos. Ele informava que havíamos chegado a 1500 participantes, mas reconhecia que isso era apenas um insólito número, porque uma ação recente para divulgação de obra literária de um dos membros – sim, o grupo é formado por escritores, autores e editores – teve a adesão de apenas três pessoas. Para quem gosta de matemática, 0,2%. Como parâmetro, há 20 anos uma singela mala direta despachada pelo correio era considerada bem sucedida quando alcançava retorno da ordem de 3%.

Vamos aos fatos. Inicialmente, o e-mail está na UTI. Ferramenta de comunicação sem precedentes, que aposentou o fax, permitindo com maior objetividade compartilhar texto, som e imagem, está sucumbindo por seu mau uso, em especial pelo envio indiscriminado de mensagens não autorizadas. Hoje, um e-mail tem que passar por vários filtros para chegar ao destino. Primeiro, os sistemas antispam. Depois, o lixo eletrônico. Finalmente, se vencer estas duas etapas, caindo na caixa de entrada do destinatário, restará saber se a mensagem será aberta – e lida.

Neste interlúdio surgiram as redes sociais para contemplar a latente demanda por visibilidade destes tempos modernos. É como se cada pessoa assumisse o protagonismo de seu reality show particular tornando público a cada instante o que faz, por onde anda e o que pensa. Neste contexto, falta discernimento na hora de postar uma mensagem qualquer e o resultado é que também estes canais estão sendo prostituídos.

É assim que o Facebook está se tornando o novo celeiro de spams – um autêntico Facespam. O volume de notificações cresce exponencialmente. Experimente reunir todas as mensagens recebidas no decorrer de um dia e depois selecione aquelas que lhe pareçam interessantes ou mostrem-se dignas de leitura.

Com o Twitter não é diferente. Mecanismo fantástico para comunicação objetiva e instantânea – exemplo de sua efetividade foi a interação entre parentes distantes após o terremoto que afligiu o Japão em março de 2011 – tem sido utilizado para difusão de mensagens descartáveis ou absolutamente insignificantes. Um exemplo recorrente, adotado por muitos, é o envio de citações de personalidades – frases motivacionais que cabem como uma luva no restrito espaço de 140 caracteres. É por isso que o denomino chatwitter: porque seguir alguém que usa deste tipo de expediente é uma tremenda chatice!

O nome do jogo, no que tange à comunicação atual, é RELEVÂNCIA. Assim, procure abordar temas que possam impactar positivamente as pessoas de seu círculo de relacionamentos que desfrutem de interesses comuns. Tenha em mente que menos é mais.

Além disso, procure gerenciar o tempo destinado ao acesso às mídias sociais. Determine quantos minutos você irá dedicar a esta atividade, acessando as redes apenas duas vezes por dia, no início do expediente ou no intervalo de seu almoço e ao término da jornada de trabalho. No decorrer do dia, feche as janelas, evitando a tentação de dar uma “espiadinha” no que estão escrevendo.

Receber atualizações pelo celular é outro expediente que deve ser analisado com critério, justamente porque a maioria das mensagens não tem qualquer importância, funcionando como autênticos desperdiçadores de tempo. Estamos nos tornando escravos cibernéticos, dependentes de smartphones e voltados a relacionamentos superficiais formados por centenas a milhares de “amigos” virtuais. Entretanto, paradoxalmente estamos cada vez mais isolados e menos sociáveis…

Tenha a tecnologia como sua aliada. As redes sociais devem estar a seu serviço – e não você a serviço delas.

 

* Tom Coelho é educador, conferencista e escritor com artigos publicados em 17 países. É autor de “Somos Maus Amantes – Reflexões sobre carreira, liderança e comportamento” (Flor de Liz, 2011), “Sete Vidas – Lições para construir seu equilíbrio pessoal e profissional” (Saraiva, 2008) e coautor de outras cinco obras. Contatos através do e-mail tomcoelho@tomcoelho.com.br. Visite: www.tomcoelho.com.

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