Com internet, selos independentes crescem nos EUA


04/01/2005

Enquanto a indústria fonográfica cambaleia por mais um ano de declínio geral de vendas, surgem novos sinais de que a democratização da música que a internet tornou possível está alterando o equilíbrio de poder no setor. Aproveitando as possibilidades de fóruns de mensagens, blogs de música e serviços de contatos on-line, os selos independentes de música estão conseguindo grandes avanços, em detrimento dos quatro grandes conglomerados musicais mundiais, cujo modelo, baseado em grandes sucessos promovidos basicamente por meio da execução em rádio, parece cada dia mais desatualizado.

As vendas de CDs e álbuns em formato digital caíram 8% até agora neste ano, ante o período em 2004, segundo dados da Nielsen SoundScan. E, embora as vendas de faixas em formato digital por meio de serviços on-line como o iTunes tenham crescido 150%, para bem mais de 320 milhões de unidades até novembro de 2005, essa ascensão não basta para compensar a queda na venda de álbuns. No geral, as vendas de música caíram pouco menos de 5%, se as faixas individuais em formato digital forem reunidas em grupos de dez, cada qual contado como um álbum, segundo estimativas da revista “Billboard”.

Mas, a despeito da queda, dezenas de gravadoras independentes vêm se saindo bem, com lançamentos que registram vendas significativas por artistas como o rapper Pitbull e bandas indie como Interpol e Arcade Fire. As independentes responderam por mais de 18% dos álbuns vendidos neste ano -sua maior participação de mercado em pelo menos cinco anos, segundo dados da Nielsen SoundScan. (Se diversas grandes gravadoras independentes cuja música é vendida pelas divisões de distribuição dos grandes conglomerados fossem incluídas nesse cômputo, a participação das independentes superaria os 27%.)

A ascensão das independentes surge no momento em que os quatro conglomerados dominantes -Universal Music Group, Sony BMG Music Entertainment, Warner Music Group e EMI Group- encontram problemas para continuar operando à sua maneira tradicional, devido a uma série de fatores, entre os quais a repressão ao jabaculê (pagamentos feitos às rádios pela execução de canções).

Em um mundo de conexões em banda larga, repleto de players de MP3 com 60 gigabytes de memória, os consumidores talvez tenham mais poder que em qualquer momento do passado para saciar sua curiosidade quanto a músicas que não se enquadram nos veículos tradicionais da indústria fonográfica, primordialmente estações de rádio e a MTV.

“Os fãs ditam as normas agora”, diz John Janick, co-fundador da Fueled by Ramen, gravadora independente de Tampa, Flórida, cujo elenco inclui bandas underground como Panic! At the Disco e Cute is What We Aim For. “Não é mais tão fácil empurrar material goela abaixo. Não quer dizer que os consumidores se tenham tornado mais espertos, mas agora tudo está ao alcance de suas mãos. Eles podem encontrar facilmente alguma coisa diferente, nova. Contam aos amigos, e a coisa começa a se espalhar.”

O setor independente, combinado, já supera em vendas dois dos quatro grandes conglomerados, Warner e EMI. E os executivos das independentes mais ambiciosas têm por objetivo capturar ainda mais terreno. Neste ano, formaram uma associação setorial cujo objetivo é estabelecer uma frente unida para negociar acordos com serviços on-line de música, entre outras prioridades.

Fonte The New York Times

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