Para empresário, 2005 foi ano da virada na web


07/01/2006

Para o empresário Max Petrucci, o momento vivido hoje pela internet brasileira não poderia ser mais propício para a criação de uma agência de publicidade interativa. Ele explica por que decidiu abrir a sua, a Garage Interactive Marketing, há pouco mais de quatros meses: “O que estamos vendo agora é o ápice de uma crescente que começou em 2000.”

Para analisar esse cenário, Petrucci usa como referência a sua primeira experiência na web brasileira: o lançamento do site Webmotors.com.br.

“O site era praticamente uma start-up, com apenas quatro pessoas. Isso foi no final de 1999, justamente durante o ‘boom’ das pontocom”, conta, para depois lembrar que o período seguinte foi o do estouro da bolha, em abril de 2000. “O ano de 2000 como um todo foi um ano em que houve um primeiro ápice e depois uma ressaca tremenda. A recuperação veio apenas entre 2003 e 2004.”

Para Petrucci, 2005 foi o ano em que essa curva de crescimento ganhou uma angulação acentuada. “Para cima e rápida”, como faz questão de dizer. “Mas claro que no Brasil isso tudo acontece sobre bases pequenas”, completa o empresário, para quem o País ainda sofre com as restrições de acesso a web para parcelas significativas da população. “No Brasil há dois mundos diferentes. O Brasil da Bélgica, com aproximadamente 20 milhões de pessoas que usam a rede freqüentemente, e os outros cerca de 150 milhões de brasileiros, que nem sequer têm acesso a um computador”, descreve. Por isso, ele continua, quem compara a realidade brasileira à dos EUA certamente constará que por lá o estágio da web enquanto mídia e espaço para a veiculação de propaganda é sem dúvida muito mais avançado. “Mas, se a pergunta for se no Brasil o momento é realmente de uma virada, posso dizer que sim, começamos um novo ciclo.”

E o principal fator que o faz afirmar isso com tanta segurança pode ser observado no comportamento dos brasileiros que utilizam a rede. Segundo Petrucci, embora ainda estejam ligados à TV, os consumidores das classes A e B de 15 a 35 anos estão trocando a mídia tradicional pela mídia interativa. “Porque na internet você interage, você vai aonde você quer, você seleciona os conteúdos”, diz.

Ainda assim, os investimentos em publicidade online no Brasil ainda não refletem essa realidade. Por aqui, apenas 1,5% do bolo da publicidade é investido nas mídias interativas.

Mas, para Petrucci, essa relação ainda é distorcida. Isso porque a penetração da internet já atinge 12% da população brasileira. “Se a internet tem uma penetração de 12% e a qualidade dessa penetração é boa, por que o investimento está apenas em 1,5%?”, questiona. Ele mesmo responde: “Se você analisar o que aconteceu com o surgimento da TV, por exemplo, a situação é a mesma. A audiência da TV ultrapassou a audiência do rádio primeiro para só depois o investimento publicitário acompanhar essa curva.”

E, ao que tudo indica, 2005 foi o ano em que algumas mudanças começaram a acontecer de fato. As agências, por exemplo, perceberam que não podem escapar à migração da audiência para os meios interativos. Para Petrucci, a maior prova disso pôde ser observada no último festival de propaganda de Cannes. “Cannes esse ano mostrou para as agências que as mídias interativas são o futuro. E não tão distante”, aponta.

Mas não poderia toda essa euforia ter também um lado preocupante, como uma nova bolha? Petrucci acha que não. “Na minha interpretação, o momento hoje é muito diferente. Antes de 2000, as ‘pontocoms’ surgiam sem saber ao certo como ganhariam dinheiro. Hoje, o Google já fatura US$ 6 bilhões, com um lucro de aproximadamente US$ 1,5 bilhão.”

Agência Estado

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