A era da internet

06/11/2006

Nesta eleição, acompanhei a apuração dos votos utilizando simultaneamente dois canais de comunicação: a TV e a Internet, e durante esse processo, ficou claro para mim o diferencial qualitativo da Internet no acesso à informação. Algumas emissoras cobriram a apuração apenas parcialmente, entrando com chamadas quando um novo boletim era divulgado pelo TSE, outras cobriram em tempo integral com dois ou três comentaristas analisando os resultados. Como a disputa na eleição presidencial estava acirrada, a TV criava um clima de suspense apresentando os números em doses homeopáticas, numa espécie de novela que se prolongou por várias horas e que deveria ter como desfecho a existência ou não de segundo turno.

Por outro lado, bastava acessar a Internet, em vários sites ou no próprio TSE, para saber on-line todos os números da apuração em todos os níveis. Além disso, no caso da eleição presidencial, uma análise do percentual de votos apurados em cada estado, mostrava com clareza que haveria segundo turno, horas antes das TVs anunciarem. O cálculo era simples: o estado de São Paulo que detém a maior parte dos eleitores, e no qual Alckmin vencia Lula por cerca de 50% a 30% dos votos, estava com a apuração muita atrasada, com apenas um quinto dos votos computados, portanto seria praticamente impossível que no resultado final Lula conseguisse reverter a diferença dele em relação aos outros candidatos somados. Apesar disso, durante todo o tempo as TVs insistiram no bordão: “haverá ou não haverá segundo turno!”.

A grande força da Internet como canal de comunicação é a possibilidade do usuário ir diretamente à fonte de informação, dispensando os intermediários que vão decodificá-la, muitas vezes de forma imprecisa ou até incorreta. A Internet é democrática e amplia a cidadania de seus usuários ao expandir o acesso direto à informação. É por esse motivo que países atrasados politicamente como Cuba e China tentam a todo custo limitar o seu crescimento e censurá-la numa espécie de “muro de Berlim virtual”, um cerceamento que se tornará impraticável num prazo não muito longo, pois uma nova tecnologia, uma vez implantada e aceita pelos usuários, torna o mundo diferente, sem possibilidade de retorno ao seu estado original.

A Internet já alcançou mais de um quinto dos habitantes do planeta e está presente no cotidiano de seus usuários. Hoje, as pessoas buscam informação pela Internet, encontram outras pessoas pela Internet, se casam, e se separam, pela Internet, fazem compras, estudam, aprendem e trabalham utilizando a Internet. Nós somos do século passado e a Internet, tal qual a conhecemos, surgiu depois de nós e representa mudanças comportamentais a serem adotadas. Por esse motivo alguns ainda relutam em entrar na nova era, mas será impossível resistir por muito tempo. Faça os planos que quiser para sua vida pessoal e profissional, mas saiba que, de uma forma ou de outra, a Internet estará cada vez mais presente em sua vida. No que se refere às empresas, vale a pena refletir sobre a frase de Bill Gates, da Microsoft: “Daqui a algum tempo só existirão dois tipos de empresas: as que estão na Internet e as que não estão em lugar algum”. 
 

Dailton Felipini é Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas e professor de Comércio Eletrônico  na Universidade Mackenzie. É editor dos sites: www.e-commerce.org.br e  www.abc-commerce.com.br  e autor de quatro  ebooks  sobre Comércio Eletrônico.

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