Sites de relacionamento invadiram a internet em 2007

21/12/2007

Das dez palavras-chave mais freqüentemente postas na ferramenta de busca Google este ano, sete são de sites de socialização, dentre os quais o britânico Badoo, o americano Facebook e o canadense Webkinz, um site para crianças no qual elas jogam com bichinhos de pelúcia virtuais que possuem amigos.

Cedendo à tentação de se expor em uma página pessoal, olhar a de outros e criar uma rede de "amigos" que compartilham gostos e desgostos, mais de 110 milhões de internautas se inscreveram no MySpace e 55 milhões no FaceBook, os dois sites mais concorridos do mundo, cujo número de membros aumentou em 30% e 100%, respectivamente.

Segundo a companhia especializada Comscore, os sites de relacionamento receberam 500 milhões de visitantes, um número que deve levar em consideração a ressalva de que um internauta utiliza, em geral, mais de um site.

O fenômeno afeta a todos os países, onde não há apenas os dois pesos pesados americanos, mas também centenas de sites locais em plena ascensão, como o popular Orkut no Brasil.

O site Mixi no Japão reivindica oito milhões de membros e o Xiaonei, da China, diz ter seis milhões. Já na Coréia, 85% dos internautas do país estão inscritos no Cyworld, que conta com 18 milhões de usuários. Um em cada quatro americanos usa o MySpace.

A cada dia são criados novos sites, em que é possível participar das incontáveis e mais diferentes comunidades, que vão desde as mulheres ao volante, passando pelos fãs de Chaves e Capolin e terminando nas comunidades que reúne pessoas feias.

Mas em 2007, houve também a multiplicação de usos cada vez mais invasivos dos sites.

"Uso o Facebook para fuxicar", reconhece Caroline, uma jovem francesa que vive em Nova York. "Olho o que os meus amigos fazem (no Facebook, todas as mudanças de páginas de uma pessoa são comunicadas a seus "amigos") e até já achei a foto do meu marido em uma festa, posta na internet por um amigo dele".

"Bloqueei todos os acessos, não quero que se escrevam bobagens na minha página quando procuro por um trabalho", opinou, por sua vez, Daphné, outra francesa em Nova York que, como suas amigas, se sentiu tentada por esta forma lúdica de conhecer pessoas.

Mas vários casos saíram a público nos Estados Unidos, ressaltando os excessos que esta moda permite, algo que, para os especialistas, marca uma nova etapa da internet mundial.

O MySpace e o Facebook também atraíram a inúmeras pessoas que utilizam estes sites para cometerem crimes sexuais. Uma mãe, por exemplo, se inscreveu no MySpace com o perfil de um adolescente e assediou através do site a uma amiga de sua filha, uma jovem de 13 anos que acabou por se enforcar. O caso freqüentou as primeiras páginas de todos os jornais.

Em outro exemplo do fenômeno, o Facebook – com o desejo de transformar seu sucesso em lucro – se vinculou a dezenas de empresas, permitindo-lhes a detectar em tempo real as compras dos membros de Facebook e comunicar estas informações a todos os seus "amigos". Uma avalanche de protestos finalmente obrigou à página a limitar este sistema.

Alguns estados americanos pediram aos sites que controlassem a idade de seus membros, e a Comissão Européia manifestou sua preocupação por sua intromissão na vida privada.

Apesar disso, o crescimento dos sites de relacionamento continua: o mundo viu apenas "a ponta do iceberg", garantiu o responsável pelo desenvolvimento do MySpace, Amit Kapur, que acredita que este fenômeno é apenas "a evolução natural da Web".

Os sites de relacionamento participam, de fato, de uma internet personalizada.

O frenesi destas "redes sociais" ganhou também as esferas financeiras: o grupo Microsoft comprou recentemente 1,6% do Facebook por 240 milhões de dólares. A este preço, o site, que ainda não movimenta dinheiro, vale 15 bilhões de dólares, quase tanto quanto a General Motors.

É quase 30 vezes o valor ao qual foi comprado o site MySpace em 2005 por News Corp. Dados que a alguns temem que cause a explosão de uma nova bolha… e suas naturais conseqüências.

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