Quanto vale a informação?


07/05/2006

Quanto você pagaria para saber, com 100% de certeza, qual será o resultado da próxima Megasena acumulada? Ou para saber qual das ações da bolsa de valores subirá mais nos próximos dias? Ou para saber quem será o próximo presidente da republica, que, espera-se, vai administrar o governo com um grau aceitável de competência?

Descartando-se os exercícios de futurologia dos exemplos, a importância de qualquer informação reside no fato de que a sua correta utilização pode gerar mais valor, seja ele financeiro, econômico, ou estratégico. Hoje, mais do que nunca, vivemos na era da informação e quem a possui, e sabe utilizá-la, potencializa a chance de tomar as decisões corretas, por esse motivo, todos nós estamos sedentos por informação e buscamos alguma fonte que a forneça, preferencialmente de forma fácil, rápida e barata. É por esse motivo, também, que uma empresa com apenas nove anos de idade, com pouquíssimos ativos físicos, como fábricas, imóveis, maquinários, frotas transportadoras, e outros símbolos antigos de poder empresarial, vale na bolsa de valores, cerca de duas vezes mais do que a centenária Coca-Cola, paradigma do poder do marketing e dona da marca mais conhecida do planeta.

Visualmente, o Google nada mais é do que uma tela em seu computador com um fundo branco, meia dúzia de letrinhas coloridas e um pequeno espaço de formulário, no qual você digita uma ou mais palavras, para, em segundos, ter como resposta milhares de páginas que contêm referencias à informação desejada. Essa tela, quase que infantil, é apenas a fachada de uma empresa que, em menos de dez anos, atingiu no mercado de ações o estupendo valor de 109 bilhões de dólares.

Mas o que está por trás do valor do Google e de outros sites de busca é a sua capacidade de fornecer informação de maneira rápida, fácil e gratuita. Um tomador de decisões não precisa solicitar a uma equipe de assistentes, por exemplo, que lhe forneça dados sobre o mercado chinês até o final do expediente, basta acessar um site de busca que está ao alcance de seus dedos. Mesmo porque, caso ele solicite, será no site de busca que seus assistentes irão buscar a informação; então é melhor queimar etapas! A previsão do tempo, a última noticia, o resultado do futebol, onde encontrar o livro desejado, uma pesquisa de preços, o trabalho escolar, dados comprometedores sobre o pretendente… Onde mais alguém pode buscar tanta informação, senão nos sites de busca? Somente o Google possui armazenado em seu gigantesco banco de dados algo ao redor de dois bilhões de páginas. É provavelmente o maior volume de informações que a humanidade já conseguiu juntar em um só lugar e está disponível gratuitamente, a alguns cliques de distância de qualquer pessoa que acesse a Internet.

A grande lição do enorme sucesso do Google é que a empresa mostrou ser viável um modelo de negócio relativamente comum para empresas da Internet, mas que muitos consideravam inviável: primeiro ofereça gratuidade com qualidade, somente depois, quando atingir o volume de transações suficiente, procure monetizar o negócio transformando visitantes em lucros. Com cerca de treze milhões de pessoas visitando o site diariamente, não foi difícil para o Google emplacar o seu sistema de anúncios pagos, chamado Adwords, e fechar o ano passado com um lucro de US$ 1,5 bilhão.

Dailton Felipini Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, autor de vários ebooks  sobre e-commerce e editor dos sites: www.e-commerce.org.br e www.abc-commerce.com.br

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