Políticos transformam internet em arma de campanha

09/08/2006


Sem showmícios, outdoors, cartazes e faixas de rua, camisetas e bonés, a campanha eleitoral de 2006 tem os muros e a televisão. E a internet.

Neste ano eleitoral, no Brasil como nos EUA, “o cálice sagrado” que os políticos buscam é como tornar a internet uma arma de persuasão, diz o blogueiro americano Jerome Armstrong, dito “The Blogfather”, do MyDD.com.

Ele foi a âncora da campanha de Howard Dean, há três anos, paradigma da incorporação da web pela democracia representativa, e cunhou a expressão “netroots”, para designar o ativismo político de “raiz” organizado via internet.

Nos EUA, o fenômeno acontece de baixo para cima, das “raízes” para o marketing de campanha. No Brasil, como se vê nos sites de candidatos e partidos, a “idéia fora de lugar” salta etapas, do marketing de campanha para a rede, de cima para baixo.

No ar, os sites de Lula, Geraldo Alckmin, Heloísa Helena, José Serra e Aloizio Mercadante incorporam mecanismos de interação e tecnologia de ponta, dos vídeos ao blog de candidato, mas pouco se encontra de ligação com o ativismo pré-existente na internet.

Ativismo que enredou e estabeleceu movimentos como aqueles vinculados ao Fórum Social Mundial, à esquerda, e ao “não” vitorioso no referendo sobre porte de armas, à direita.

Conexões

Carlos Bottesi, professor de Redes Convergentes na Unicamp, conta a história de um candidato a vereador com “uma proposta muito simples”, dois anos atrás em Campinas: “resgatar a dignidade dos animais de rua”.

A partir dela, o político criou uma “rede de conexões” pela internet, com e-mails e outros mecanismos –e, sem televisão, terminou como o mais votado.

A história exemplifica como, na internet, o que importa é a rede que se forma. “A Igreja Católica, os sindicatos, os partidos sempre foram ações em rede”, diz Bottesi, também professor de Novos Espaços Políticos do MBA em marketing político da ECA-USP.

“No momento, a internet é ferramenta indispensável para ampliar as ações em rede.”

Vale para igrejas e políticos como vale para qualquer cidadão. Blogs coletivos e mensagens de celular mobilizaram, no final de 2005, as manifestações -e os ataques violentos- dos jovens franceses.
Sites interativos de mídia independente organizaram os atos de Seattle e Gênova. Correntes de mensagem de texto, por e-mail e instrumentos tipo “messenger”, teriam criado a rede do “não” no referendo das armas. (segue)

NELSON DE SÁ – Colunista da Folha de S.Paulo

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