Pão de Açúcar e Carrefour competirão na Web


29/03/2006

Os dois maiores supermercadistas do Brasil, o Grupo Pão de Açúcar e o Carrefour , deverão levar em breve para a Internet a disputa pelo consumidor que já têm nas lojas físicas. O Pão de Açúcar anunciou que aumentará a operação de varejo eletrônico para ser mais competitivo nesse mercado. “Queremos dar um upgrade nas vendas de não-alimentos e o varejo eletrônico é um canal que está muito ligado a esta linha. Queremos entrar no jogo do varejo eletrônico e vamos entrar para valer”, afirmou Cássio Casseb, diretor presidente da companhia, em teleconferência com analistas de mercado. O hipermercado Carrefour também entrará no varejo virtual em breve, já que acaba de fechar contrato com uma agência de Internet, a TV1 , para reestruturar seu portal, incluir mais detalhes de tecnologia e design. Um dos principais objetivos do Carrefour é que o portal seja um complemento para a experiência dos consumidores nas lojas físicas, segundo informa a TV1. O Carrefour não confirma a informação.

Atualmente, as vendas pela Internet, nos sites do Pão de Açúcar Delivery e do extra.com.br , representam apenas menos de 0,5% das vendas da varejista de Abilio Diniz e do Casino, que totalizaram R$ 16,1 bilhões no ano passado. Contudo, por conta dessa participação bastante reduzida, os executivos da empresa avaliam que há um grande potencial de crescimento para a operação. Só no site da rede de supermercados Pão de Açúcar — onde são comercializados alimentos — a companhia pretende aumentar de 10 mil para 12 mil o mix de produtos ofertados até o fim do ano.

Entretanto, a principal reestruturação está prevista no site que tem foco em eletros, o extra.com.br, uma vez que uma das metas da companhia para este ano é expandir as vendas de bens duráveis e semiduráveis. Mais de 20 mil itens são vendidos na loja virtual e esta quantidade também deve crescer até dezembro, de acordo com a companhia, que não passa mais detalhes sobre o plano.

Nos últimos meses, a empresa tem realizado diversos investimentos na criação de novos pólos de distribuição de eletros, que darão o suporte logístico para a expansão no negócio eletrônico. Ainda para este semestre, está prevista a inauguração de um Centro de Distribuição (CD), o décimo quarto do Pão de Açúcar, em Brasília. Uma estrutura para pulverização de bens duráveis e semiduráveis também foi montada no CD inaugurado no Recife (PE) em abril de 2005. A idéia é reduzir as distâncias. Os CDs de São Paulo ainda são responsáveis pela estocagem e distribuição da maior parte dos bens duráveis e semiduráveis vendida nas lojas da companhia. “Acredito que, no máximo em dois ou três anos, os outros grandes supermercadistas, Wal-Mart e Carrefour , ingressarão no comércio eletrônico”, diz Pedro Guasti, diretor-geral da consultoria E-Bit . Hoje, o setor já é freqüentado por várias redes regionais, como Zona Sul (RJ), Sonda Supermercados (SP), Mercadorama (PR) e Nacional (RS), as duas últimas adquiridas pelo Wal-Mart no ano passado.

De acordo com Guasti, um dos grandes atrativos do e-commerce está no aumento significativo do tíquete médio (valor médio de vendas), quanto comparado ao mesmo de uma loja física. “O tíquete médio em uma loja física de vários segmentos está entre R$ 60 e R$ 70; em uma loja virtual fica ao redor de R$ 300”, diz.

O executivo acredita que o tíquete médio registre ainda um aumento maior no segmento de hipermercados ao compará-lo com outros segmentos que utilizam as vendas virtuais. “Ao utilizar a página eletrônica para comprar alguns produtos dos hipermercados, os consumidores normalmente fazem a compra da semana ou do mês, então acredito que o tíquete médio deve elevar-se ao redor de 10%, chegando a R$ 330,00”. O público-alvo do comércio eletrônico são consumidores da classe A e B, o que também é um dos grandes benefícios para os pequenos supermercados que somente atuam junto ao público C, D e E. Segundo o executivo, essas empresas ampliam o número de clientes, atingem consumidores de todas as classes sociais e elevam bastante as vendas.

Com o plano de crescer na Internet, o Pão de Açúcar busca dar seqüência ao crescimento das vendas de não-alimentos. De 2004 para 2005, a linha ampliou a participação sobre o total vendido de 21,2% para 24%. No ano passado, as vendas de produtos não alimentícios cresceram em 12,5%, no conceito mesmas lojas, enquanto os negócios envolvendo alimentos apresentaram leve alta nominal de 0,1%.

De olho nessa movimentação e na alta rentabilidade dos não-alimentos, que não sofreram a deflação dos alimentos no ano passado e também no começo de 2006, Abilio Diniz, presidente do conselho de administração e que detém metade do controle da varejista (o grupo francês Casino adquiriu a outra metade no ano passado), reiterou na sexta-feira que sua empresa voltará, neste ano, a dar foco ao crescimento na venda de produtos como fogões, computadores e artigos têxteis, entre outros. “Ainda temos grande espaço pra crescer com essas linhas”, afirmou o empresário. Tem peso importante na estratégia a financeira criada junto ao Itaú . Criada em julho de 2004, a Fic , nome da sociedade, já emitiu 4 milhões de cartões private label, 17% acima da previsão inicial. A rede tem hoje 308 lojas com postos da financeira.

Por conta dos resultados dos não-alimentos, Diniz colocou em destaque, durante suas avaliações, o desempenho da rede de hipermercados Extra , que tem um maior mix da linha em relação às outras bandeiras.

Sobre a rede Extra Eletro , especializada em bens duráveis, o empresário diz que a companhia vai aguardar os desdobramentos do projeto de ampliação da linha de não-alimentos antes de voltar a expandir a cadeia. “A rede está indo bem, mas esperaremos os resultados da reestruturação, para tomar uma decisão. O maior volume de venda de eletros ainda é feito nos hipermercados”. Na comparação de 2004 e 2005, a participação do Extra nas vendas do grupo subiu de 48,1% para 48,9%, enquanto a do Extra Eletro caiu de 2,1% para 1,9%.

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