O mercado para os jornalistas de web


07/06/2004

Uma pesquisa recente feita por jornalistas do eltiempo.com – site do jornal diário El Tiempo, da Colômbia, e também o site jornalístico mais visitado daquele país – traz alguns dados expressivos sobre jornalismo on-line na América Latina. Os resultados da sondagem, que foram apresentados no 5.º Simpósio Internacional de Jornalismo Online, em Austin, Texas, nos EUA, revelam, entre outros dados, que a maioria dos jornalistas que trabalham em internet de jornais latino-americanos são bastante jovens, ganham menos do que seus colegas de mídia impressa e são vistos, em geral, por seus empregadores, em um nível profissional mais baixo que os demais.

A pesquisa apontou também que o trabalho dos jornalistas on-line é focado mais em texto e edição e pouco em reportagem. Além disso, esses profissionais afirmam que sentem falta de formação teórica mais adequada nesta área, em especial na aquisição de conhecimentos técnicos sobre a web, que ainda não são oferecidos regularmente nas universidades – e tampouco os empregadores têm estimulado os jornalistas a fazer cursos na área, oferecendo oficinas ou módulos de treinamento. A pesquisa foi feita pela internet, pelos jornalistas Julio César Guzmán e Guillermo Franco, e teve o apoio da Sociedade Interamericana de Prensa (SIP), Grupo Diarios de América (GDA), e Fundación para el Nuevo Periodismo Hispanoamericano.

A sondagem foi respondida por mais de 70 coordenadores de websites, unidades de internet ou sites de jornais impressos. A lista de pesquisados abrange veículos líderes em seus respectivos mercados, o que conferiu boa representatividade ao trabalho. Entre os veículos que participaram, estão o Globo Online e o ClicRBS, do Brasil; o La Nación e o clarin.com, da Argentina; o El País, do Uruguai; o El Universal, do México, e o bolívia.com, na Bolívia, entre outros. Além destes, dezenas de websites de conteúdo noticioso da América Latina que não possuem versão impressa foram também pesquisados.

A jornalista Cláudia Belfort, que durante quatro anos foi editora de internet e coordenadora de internet do site TudoParaná, do Grupo RPC, em Curitiba, analisou alguns resultados da pesquisa a pedido do Comunique-se.

Para ela, que atualmente é editora-chefe do jornal Gazeta do Povo, também do Grupo RPC, a parte da pesquisa que aponta texto e edição como foco principal do webjornalismo está correta. “Muitos ainda acham que a internet carece de grandes reportagens. Mas o meio web é lugar para furos, para a notícia do tempo real. Quem deve ser mais profundo na reportagem é o jornal, a mídia impressa”, afirma.

Já a questão salarial, pelo menos na RPC, não condiz com o resultado da pesquisa, afirma Cláudia Belfort. “É verdade que a maioria dos jornalistas online é jovem. Mas no TudoParaná os salários são iguais aos de repórter e editor do jornal”, aponta.

Cláudia diz também que jornalistas que trabalham para o meio web não precisam fazer cursos de webdesign ou programação. “Precisam ser bons jornalistas, bons apuradores, ter bom texto, trabalhar rápido com pouco erro e saber fazer título”, explica, comentando o ponto da pesquisa que toca na formação desses profissionais.

A sondagem do eltiempo.com apontou que a maioria dos empregadores (jornais impressos) reduziu os departamentos de internet porque, de acordo com as empresas, o que essas unidades fazem não é suficiente para bancar sua própria operação. Por essa razão, em algum momento, algumas das empresas decidiram cobrar pelo acesso ao seu conteúdo na internet.

Bia Moraes, de Curitiba

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