O Brasil na vanguarda digital

10/02/2010

Gláucia Civa

O consumidor brasileiro está na vanguarda do comportamento digital, envolvendo mídias como Internet, celular e TV interativa: em um estudo realizado em 11 países, junto a 5,5 mil pessoas, o Brasil ficou em segundo lugar neste quesito, atrás apenas do Reino Unido.

Os dados foram trazidos por Marcos Gouvêa de Souza, sócio da Gouvêa de Souza e GS&MD, que apresentou na Federasul, nesta quarta-feira, 10, o II Seminário do Varejo Pós-NRF, baseado no NRF Big Show 2010, realizado em janeiro em Nova Iorque.

“O brasileiro tem uma das maiores pré-disposições do mundo a atuar digitalmente, seja em relação a comprar, receber e participar de promoções, se relacionar”, destacou Souza.

Segundo o especialista, este comportamento se deve à grande penetração dos computadores e celulares no país – só em dezembro de 2009, mais de quatro milhões de linhas móveis foram habilitadas por aqui, elevando o número total de acessos móveis a 173,9 milhões, conforme a Anatel  -, à jovem idade média da população consumidora, mas, principalmente, a um histórico de mudanças econômicas e política que definiu uma personalidade flexível.

“No Brasil, ao longo da história, foi tanta mudança de plano, de moeda… As pessoas praticamente aprenderam a se safar de todas!”, comentou ele. “O brasileiro aprendeu a lidar com a inflação, com as mudanças diárias no orçamento, enfim: é altamente adaptável, e, por isso, muito aberto a novas culturas e realidades. Assim, a Internet, a mobilidade, e todo o meio digital e suas possibilidades são populares por aqui”, acrescenta.

Safou-se de mais uma
Uma adaptabilidade que, segundo Gouvêa de Souza, auxiliou no baixo impacto que a crise econômica mundial teve no país, em relação a outros mercados mundiais.

Conforme o consultor, o brasileiro não se apavorou aos pré-anúncios da crise e nem mesmo à sua evolução no contexto global. Aqui, segundo ele, as coisas só afetam quando chegam ao quintal mesmo, afetando familiares, vizinhos ou a própria pessoa.

“Assim, ao contrário do que ocorreu no Japão ou EUA, onde aos mínimos sinais de crise as pessoas travaram o consumo, o brasileiro seguiu agindo normalmente. Não alterando seus hábitos, não alterou o mercado, que não precisou retrair, demitir, tanto quanto em outros lugares”, afirma, citando que nos Estados Unidos, 8,5 mil varejistas fecharam as portas entre 2008 e 2009, tirando da economia um montante que pode ter chegado a US$ 41 bilhões.

Interação pessoal
Além disso, Gouvêa de Souza atesta que não é coincidência a efervescência das redes sociais no Brasil.

“A mensagem desta popularidade, aqui e em outros lugares, é que as pessoas estão cada vez mais interessadas em interação pessoal”, destaca. “E o comércio tem de entender e atender a isso”, complementa.

E como “atender a isso”, ele define uma melhora na experiência do consumidor: o comércio em geral tendo de assumir a responsabilidade por oferecer melhores produtos, com melhores preços, cheios de benefícios, usabilidade e atratividade.

Hoje, segundo o especialista, o cliente já chega à loja, ou ao site de compras, munido de muita informação – ele já viu em sites depoimentos de outros usuários deste ou daquele produto/serviço, já comparou preços, já calculou as vantagens da compra à distância ou física, etc.

“Existe um mercado muito mais exigente, hoje. O varejo precisa passar a TI, cada vez mais, de sua infraestrutura de apoio à gestão, produtividade, logística, etc, para a interface final com o consumidor, seja no lado virtual ou físico”, atesta Gouvêa de Souza.

E a nova moda é…
Ainda para o consultor, o e-commerce seguirá sendo tendência do mercado varejista nos próximos anos – cada vez mais.

Primeiro, pela já falada experiência do consumidor, e, segundo, pela praticidade e redução de custos que gera também para o lojista.

E neste segmento, a tendência maior será a mobilidade.

“Mais e mais opções de comércio eletrônico via celular surgirão. Com isso, a concorrência no nicho de web móvel aumentará, o que ajudará a reduzir os preços, aumentando o número de usuários, e por aí vai”, finaliza.

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