Internet pode entrar em colapso em 2010, diz estudo

02/12/2007

Brasília – O mundo é mesmo injusto. No Cazaquistão, o acesso à internet pode custar até US$ 22.032 mensais, por uma conexão de 6Mbps. Uma linha DSL de 1.5 Mbps custa só US$ 3.335 mensais e o modem não está incluído no serviço. Uma conexão via telefone sai mais em conta, US$ 111 mensais. Imagine esses preços num país cuja renda média mensal é US$ 399. Ou seja, o custo da internet no Cazaquistão é mil vezes maior do que na Europa Ocidental, por exemplo. Controle de informação é isso, o resto é bobagem.

Blogueiros no Cazaquistão não podem falar mal do governo. E mesmo quem acessa sites que atacam a honra e a dignidade do presidente podem ser espancados e/ou presos. O Cazaquistão é só um exemplo, de como pode ser dura a vida dos internautas em países pobres e autoritários.

Até Sacha Baron Cohen, o ator inglês que interpretou o jornalista cazaquistanês Borat, perdeu o seu domínio Borat.com. O governo não achou graça nas críticas embutidas no filme. Sacha tinha o seu domínio www.borat.com hospedado no Cazaquistão.

Do outro lado da economia, o Japão lidera o ranking dos países mais baratos do mundo para se conectar à rede, em segundo lugar vem a Coréia do Sul. Nesses dois países o custo é perto de zero, se levada em conta a renda per capita.

No Brasil, o preço do acesso ainda é elevado, mas vem caindo. Nosso país é o sétimo maior mercado de internet, e disparado o primeiro da América Latina. O número de internautas brasileiros não pára de crescer.

No mundo civilizado o custo de acesso à rede vem caindo mais ainda, até porque o conceito da internet é ser free. A brincadeira começou gratuita porque ninguém se apercebeu do admirável mundo novo que viria pela frente. A rede é gratuita por natureza, o acesso, não.

Os jornais americanos que cobravam por seu conteúdo, descobriram a roda. O NY Times liberou todo o seu material. Antes, algumas áreas do site eram restritas aos assinantes. O Wall Street Journal, recentemente comprado pelo barão da mídia mundial, Rupert Murdoch, planeja abrir todo o seu website. A edição online do WSJ rende mais que a edição impressa. O raciocínio é simples. O que é mais rentável? Um site pago com milhares de leitores ou um site aberto com milhões de visitas? A resposta é simples também, quanto mais visitas, mais caro é o anúncio no website.

O NY Times e o WSJ são negócios de bilhões de dólares. Eles não estão fazendo isso porque são bonzinhos. Fazem dessa maneira porque simplesmente um site aberto rende mais. Pageview is money.

O grande problema que se apresenta no horizonte é o volume de informações que trafega na rede. Como pode o Skype, por exemplo, ter 246 milhões de usuários espalhados pelo planeta? E como pode dar certo um sistema de conversação que chega a ter 10 milhões de pessoas falando ao mesmo tempo? E que ainda por cima é grátis. E o Google, de onde vem tanto dinheiro? Sem falar nos You Tubes e FaceBooks da vida.

Imagine quantos vídeos, fotos e outros arquivos estão cruzando os céus do planeta nesse exato momento. Se alguém consegue entender tudo isso, me explique, porque eu já desisti. Minha parca inteligência não chega para tanto. Prefiro usufruir da rede e acreditar que tudo é um grande milagre cibernético.

A internet vai acabar em 2010 – Mas como milagres não existem, a internet está chegando no limite, está quase saturada. Um estudo realizado pelo grupo americano Nemertes Research, divulgado no dia 19 de novembro, alerta para a possibilidade de a internet sofrer um colapso no ano de 2010.

Os dutos de transmissão estão ficando entupidos e a culpa maior é do volume de vídeos que trafegam na rede. Vídeos são os grandes arquivos e os grandes vilões dessa história. Em maio deste ano, perto de 75% dos internautas norte-americanos assistiram a 158 minutos de vídeo em média e viram 8,3 bilhões de vídeos pendurados no You Tube e outros sites similares.

Os internautas irão criar em 2007 arquivos da ordem de 161 exabytes. Um exabyte é igual a um quintilhão de bytes ou 1,1 bilhão de gigabytes e é equivalente a 50.000 horas de vídeo em DVD.

O mundo tem 1,2 bilhão de internautas, 234 milhões só nos EUA. O números de aparelhos ligados na rede é impressionante, hoje são 3 bilhões. Para 2012, está previsto um total de 5 bilhões. Os celulares e similares correspondem a 50% desse número.

O volume de investimento na internet, aqui na América, nos próximos cinco anos, deve chegar a US$ 38,6 bilhões. Dependendo da demanda da rede, essa quantia poderá saltar para US$ 55 bilhões.

Os donos da internet – as grandes operadoras de telefonia e empresas de informática – já estão testando soluções. A tecnologia de terceira geração de celulares 3G nem bem chegou e eles estão investindo na 4G. As redes 3G incorporam internet de altíssima velocidade e vídeo telefonia. Em 2005 existiam apenas 100 redes 3G no mundo.

Outra solução é a tecnologia WIMAX (Worldwide Interoperability for Microwave Access), que possibilita conexões sem fio de longas distâncias. Os computadores podem funcionar como os celulares, ou seja, com sinal em todo lugar.

E mais revolucionário ainda seria a adoção do sistema “White Space”, que propõe o uso dos buracos que existem entre uma freqüência e outra nas ondas de televisão. A White Spaces Coalition é uma associação de mega empresas mundiais que ambiciona oferecer conexão a partir de 10Mbyte/s. Ah sim, o grupo é formado por Microsoft, Google, Dell, HP, Intel, Philips, Earthlink e Samsung.

Com licença, eu vou ali transmitir umas fotos, fazer um download de uma música no ITunes e falar com minha filha via Skype, ela mora longe. E ainda pretendo assistir a um filme do Brian de Palma via internet. Preciso descansar, depois de tantos exabytes, minha cabeça pifou.

Claudio Versiani, do Congresso em Foco

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