A Internet na gestão de fornecedores


Dailton Felipini

“Para vender bem é fundamental comprar bem”

Imagine que você fosse o responsável por todo o setor de compras de suprimentos de uma indústria que utiliza mais de 10.000 itens diferentes na fabricação de seus produtos, sendo que a eventual ausência de um único item poderia interromper a produção trazendo grandes prejuízos. Por outro lado, um grande volume de estoque seria inaceitável tendo em vista o custo financeiro numa economia que possui altas taxas de juro. E para finalizar o quadro, os suprimentos são produzidos por mais de 1.200 fornecedores geograficamente dispersos. Guardadas as proporções numéricas, essa é uma situação comum para boa parte das Indústrias, o que torna o gerenciamento de estoques e suprimentos, também conhecido como “Supply Chain Management” uma área nevrálgica para essas empresas. Decisões vitais devem ser tomadas rapidamente e os erros implicam diretamente em aumento de custos.

A Internet representou um considerável avanço na gestão de suprimentos, através da integração de sistemas dos compradores e fornecedores. Antes, cada empresa gerenciava os seus sistemas de informação isoladamente, até de forma incompatível com os sistemas de seus fornecedores. A tendência hoje é de busca pela integração, de tal forma que os fornecedores tenham acesso on-line as suas necessidades e possam imediatamente suprir os produtos demandados. Os benefícios são palpáveis e poderiam ser resumidos em termos de:

  • agilidade no acesso a informação;
  • diminuição substancial no nível dos estoques;
  • aumento da produtividade em função da diminuição do ciclo produtivo;
  • diminuição da margem de erros no processamento das informações;
  • diminuição de gastos administrativos, principalmente com salários.

Os sistemas de gestão de suprimentos, podem ser restritos a um grupo de fornecedores, que já transacionam normalmente com a empresa, ou podem se abertos ao mercado de forma que qualquer fornecedor, uma vez cadastrado, pode disputar o fornecimento. O processo chamado “e-procurement” amplia de forma ilimitada a quantidade de fornecedores ao abrir para o mercado, as ofertas de compras. A SABESP, empresa de saneamento de São Paulo que abraçou com entusiasmo a tecnologia da informação, é um bom exemplo de empresa que vem obtendo excelentes resultados nessa área. Em seu site, a empresa cadastra os fornecedores que tem interesse em participar das compras, disponibiliza o chamado leilão reverso, onde os fornecedores fazem lances e vence quem oferecer o menor preço, também disponibiliza informações sobre, pagamentos, contratos, licitações em andamento, entre outras. De quebra, oferece prêmios para os fornecedores que se destacam pela excelência no fornecimento. Tudo isso tem se traduzido em aumento da eficiência e diminuição de custos.

Para empresas de menor porte, existe a alternativa mais barata de se utilizar site de terceiros, os chamados Mercados Eletrônicos, que geralmente agregam empresas do mesmo setor, como têxtil, eletrônico, petrolífero, químico, agrícola, entre outros, onde as transações são realizadas nas mais diversas modalidades. Normalmente, a empresa paga uma pequena taxa para fazer parte do mercado e uma comissão para o site no caso das transações efetivadas. É um gasto facilmente coberto pelo ganho na redução do preço dos produtos adquiridos. No Brasil existem mais de 60 mercados desse tipo, embora, muitos deles não tenham atingido ainda, um número suficiente de usuários para alavancar o negócio. O fato é que hoje já existe no mercado, a disposição das empresas, diversas soluções para agilizar a gestão de suprimentos. De tal forma que a imagem da sua secretária datilografando um pedido de compra para enviar ao seu fornecedor pelo correio se torna algo cada vez mais impensável.


Dailton Felipini é Mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor e Professor de Gestão de Empresas Ponto-com na Universidade Ibirapuera. Editor do site: www.e-commerce.org.br

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