A internet está democratizando a publicidade?

11/06/2006
 
No último sábado de maio estive visitando a Globaltech, Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação, que aconteceu na FIERGS (Federação das Indústrias do RS), em Porto Alegre. Apesar de não ter me detido muito tempo visitando os stands, achei bem interessante e o que mais me chamou a atenção foi a quantidade de crianças e adolescentes que visitava a feira. É a nova geração totalmente high-tech. O objetivo principal da minha visita era o debate O Futuro da Mídia na Internet, que teve vez no auditório da Globaltech, mediado pela Silvia de Jesus, vice-presidente de Internet e Inovação da RBS, com os convidados Gil Torquato, do UOL, Leonardo Tristão, do Google e Paulo Castro, do Terra.
 
Infelizmente o resultado do evento, na minha opinião, ficou comprometido pelo tempo escasso para debater um assunto tão rico. Para ser sincero eu esperava novidades e não apenas confirmações do que quase todo mundo já sabe: o poder a abrangência da internet nos mais diversos momentos das vidas das pessoas. Se a população em geral já está ciente de que a internet pode revolucionar seus negócios, imagina o público que frequentou o evento, formado em sua maior parte, por profissionais, estudantes e interessados em comunicação, publicidade, internet, mídia, etc. Aliás, até os empresários e as agências de publicidade já estão conscientes que é preciso incluir o meio internet nos seus planejamentos de mídia e negócios. Eu esperava mais novidades do que afirmações.
 
De qualquer forma, o evento foi bom, com a confirmação de alguns dados que são impressionantes, como por exemplo, que o mundo já tem quase 1 bilhão de pessoas online. Gostei de uma afirmação do Leonardo Tristão do Google, que disse que a intrernet está democratizando a mídia, a publicidade e os negócios, permitindo que anunciantes possam divulgar seus produtos ou serviços com baixo custo e forte tendência de gerar negócios. Ele também informou e fez comparações de números sobre a internet brasileira e dos EUA. O gigante norte-americano, país com maior número de usuários de internet, já tem 205 milhões de internautas, enquanto o Brasil, que já ocupa a 10ª posição tem em torno de 26 milhões. Informou também que a participação da internet no bolo publicitário no Brasil é de apenas 1,7% enquanto nos EUA já atinge 10%. Apesar dos números serem ainda modestos, principalmente no Brasil, é fácil ver que a internet está roubando espaço dos outros meios de comunicação, fazendo com que menos pessoas assistam TV, leiam jornais ou escutem rádio. Mais atualmente, os institutos que medem a audiência da TV revelaram que a quantidade de pessoas que estão ligadas à televisão vem caindo.
Veja os números:
– 30% TV aberta
– 27% rádio
– 22% TV a cabo
– 15% internet
 
É claro que o foco principal do debate foi a publicidade na internet. Os 3 convidados apresentaram dados mostrando a grande vantagem de anunciar na internet. Entre outros, informaram, por exemplo, que em torno de 80% das buscas são realizadas por empresas e que o Google já atinge o impressionante número de 24,5 milhões de usuários únicos/mês, ou a fatia de 86% do mercado de buscas nacional.
 
Durante todo o evento as pessoas anotavam perguntas para serem respondidas pelos convidados na parte final. Apesar do grande número de perguntas, infelizmente nem 10 foram respondidas devido ao tempo que ficou exíguo, o que foi um dos pontos negativos do evento. Por sorte, a pergunta que fiz foi selecionada e respondida. Quer dizer, não foi bem respondida. Como os participantes, enquanto expunham as informações se preocuparam muito mais em promover o formato de publicidade atrvés de links patrocinados do que outra coisa, eu pedi que comentassem a possibilidade de posicionamento dos sites entre os primeiros resultados através da otimização, que é a preparação do site para que apareça na frente nos resultados das buscas. Para minha decepção, os representantes do UOL e do Google trataram de diminuir essa importante forma de fazer publicidade nos sites de busca, dizendo que os resultados de hoje não são os mesmos de amanhã, como se a perda de posições ocorresse do dia pra noite. Por falta de conhecimento, o que eu duvido muito, ou com objetivo de destacar os anúncios patrocinados, que são uma das principais fonte de renda dos grandes sistemas de busca, eles não informaram, por exemplo, que os resultados podem se manter durante vários anos, dependendo do mercado onde o seu site estiver inserido. Também não levaram em conta a relação custo e benefício dos dois formatos de publicidade em buscadores. Enquanto para aprecer nos links patrocinados, o anunciante precisa estar sempre renvoando as campanhas e gastando mais, com um trabalho de otimização, o investimento é feito apenas uma vez, e se bem adotadas as estratégias de preparação do site, os resultados são tão excelentes quanto os posicionamentos patrocinados, com a diferença que os resultados se mantém durante um longo período e que o investimento é infinitamente inferior. Temos vários exemplos de trabalhos que fizemos há 3 ou 4 anos nos quais os resultados obtidos à época se mantém quase que intactos até hoje.
 
Eu sempre venho falando em todos esses anos que um dos principais benefícios da internet é a democratização da informação, conforme foi frisado também no debate. Porém quando uma informação é mascarada para não comprometer o objetivo de promover uma empresa, produto ou serviço, onde fica a democratização?
Publicidade com ética, por favor, senhores.

 
Ricardo Prates Morais é editor da emarket News e consultor da emarket (www.emarket.ppg.br), agência de marketing e publicidade online.

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