A contribuição da alma brasileira

Será que o Brasil tem mais a aprender ou a ensinar?Qual a contribuição especial que o Brasil podeoferecer ao mundo dos negócios?

Os estrangeiros que visitam o Brasil costumam seencantar com as belezas naturais, os recursosabundantes e, principalmente, com a alegria do nossopovo. A miscigenação das raças, a convivênciaharmoniosa entre as diferentes culturas e a facilidadeque temos em nos relacionar são aspectos que chamam aatenção de todos, mas nunca se deu um real valor aisso. Continuamos absorvendo os conhecimentos eexperiências que vêm de fora, como se devêssemospemanecer eternamente na condição de aprendizes.

Americanos, europeus e asiáticos souberam construirgrandes nações, enquanto nós, pobres colonos, nosresignamos a importar teorias, técnicas e modelos quederam certo no exterior.

Continuamos virtualmente dependentes dos livros, PHDse gurus que vêm de fora, com toda a pompa ereconhecimento de quem fez e aconteceu. Entretanto, asexperiências que deram certo em outros climas eépocas, raras vezes seguem o mesmo destino em solostropicais. Há muito tempo já aprendemos a filtrar eadaptar esses ensinamentos à cultura brasileira, porémainda falta compreender a nossa verdadeira vocação.

Pense bem: será que o Brasil continua na mesmacondição de aprendiz, de anos atrás? Será que o nossofuturo é permanecer morando na casa dos pais,recebendo mesada e tendo hora marcada para chegar emcasa? Até quando vamos ter asas podadas e sonhoslimitados? Quando alcançaremos a liberdade? Quando oBrasil vai se emancipar, casar e ter filhos? O que oBrasil vai ser quando crescer?

Se tudo isso parece uma grande bobagem, releia ahistória do mundo e veja que as grandes nações de hojetambém foram pequenas no passado. Se Estados Unidos,Japão e Alemanha se destacaram nos últimos anos,devemos lembrar que Inglaterra, Espanha, Portugal,França, Holanda e Itália também já tiveram suas épocasde ouro. Recentemente, até a Rússia foi uma grandepotência. E o que aconteceu? As posições mudaram?

O que faz um país tornar-se uma potência? São asriquezas naturais? É a força bélica? É o capital? Ou éo seu povo? Ou é uma mistura de tudo isso, com pitadasde educação, preparo e oportunidade? O que será levadoem consideração para o surgimento das próximaspotências mundiais? O que terá maior valor de mercadonos próximos anos?

Não podemos compreender um mecanismo isoladamente.Tudo acontece de acordo com a evolução da humanidadenas diversas áreas. O avanço científico promovemudanças sociais, culturais e econômicas. Emcontrapartida, essas mudanças geram novasnecessidades, que estimulam a pesquisa e odesenvolvimento de novas tecnologias. Ou seja, é umprocesso contínuo, de uma roda que não pára de girar!

Por isso, devemos perceber o cenário em que seencontra a nossa geração e as oportunidades que estãosurgindo. Quais palavras estão em evidência? Estamosna Era da Comunicação? Era dos Relacionamentos? O serhumano está no centro das atenções? Relações humanas?Serviços? Redes? Criatividade? Improvisação? Intuição?

Até que ponto as características sócio-culturais dobrasileiro contribuem para facilitar osrelacionamentos humanos? A ausência de conflitosfacilita o diálogo e a comunicação?

Quando se fala em liderança, redes, equipes e gruposde trabalho, alguns valores são fundamentais:humildade, solidariedade, respeito e consideração, porexemplo.

Será que a atual geração do povo americano, acostumadaa estar no centro do mundo, é humilde e solidária osuficiente para liderar uma mudança global? Será queeles, que sempre tiveram uma postura individualista eprotecionista, conseguirão desenvolver o respeito e aconsideração como valores genuínos em suas decisões?

Para liderar equipes, também é necessário ter umaexcelente capacidade de comunicação e flexibilidadepara integrar um grupo heterogêneo de pessoas.

Será que os tradicionais japoneses e os frios alemãesterão condições de competir com o Brasil nessequesito? Serão eles capazes de aceitar as diferenças ereceber, em suas mesas de negociações, árabes, negros,pobres e ricos, com a mesma naturalidade?

Desconsiderando as condições de dependência econômicae política do Brasil em relação aos atuais “donos domundo”, faz sentido imaginar que o nosso povo é, senãoo melhor, um dos povos melhor preparados paraorganizar um diálogo global sobre os rumos dahumanidade? E sobre as condições ambientais e aresponsabilidade do homem em relação a natureza,existe país mais propício para centralizar taisdiscussões?

Sobre as desigualdades sociais, concentração deriquezas e corrupção, existe outra nação que tenhavivenciado isso tão de perto? Será que existe outropovo no mundo tão exposto e comprometido com essasquestões? Será que os debates sobre consciênciahumanitária e justiça social acontecem com a mesmaintensidade, em outras partes do mundo? Será que amídia local permite uma comunicação permanente sobreisso na África, Ásia ou América Central?

Ao que me parece, esta geração do povo brasileiroestá, há vários anos, fazendo uma espécie de “estágio”sobre todos os principais problemas do mundo. Mais queisso, estudantes, professores, pensadores,empresários, consultores e políticos estão debatendodiariamente sobre como minimizar ou solucionar essesproblemas, com um apoio maciço da mídia epossibilidades de interação/organização incomparáveiscom qualquer outro país.

No fim das contas, se existe um país no mundo capaz depromover qualquer mudança significativa para ahumanidade, este país é o Brasil.

Existem líderes brasileiros despontando. São pessoasde todas as gerações envolvidas nessas questões, mas éa geração pós-regime militar que teve acesso à umaformação mais livre. É essa geração que vivenciou maisde perto todas as fases de plano cruzado, cruzadonovo, real, impeachment, inflação, estabilidade eprivatização. Essa geração conheceu os dois lados damoeda e está preparada para dar a volta por cima.

Os brasileiros que têm entre 20 e 40 anos estarão noauge de suas carreiras daqui a dez anos, ocupando oscargos mais importantes, dos governos, empresas eassociações. Essa geração de brasileiros teráconhecimentos, experiências e recursos para promovermudanças significativas tanto no Brasil, quanto noexterior.

Talvez o Brasil não se torne uma potência econômica emtão pouco tempo, mas teremos um poder estratégico epolítico que sequer imaginamos. Através da Internet eda facilidade em se comunicar com todas as raças, essageração de brasileiros está formando um networkingmundial poderoso, conquistando a credibilidade e aconfiança de outros líderes em formação, em todas aspartes do mundo.

Por isso, não será um movimento individualista parasubstituir qualquer outro povo na hegemonia mundial. OBrasil não precisará impor condições para ser o maiore o melhor em nada, pois a sua posição central será ade facilitador.

A vocação do Brasil é promover um movimento deintegração e diálogo consciente entre todos os povos.É ensinar ao mundo uma nova forma de convivência,pacífica e auto-sustentável, apontando soluções quereduzirão as desigualdades.A vocação do Brasil é promover valores espirituais deresponsabilidade social, atitude positiva econsciência, valorizando as relações humanas comoprioridade.

Você já deve ter ouvido dizer que “o Brasil é o paísdo futuro” e talvez ainda não tenha acreditado. Masprepare-se: o futuro está próximo.

A contribuição especial que Brasil pode oferecer aomundo de negócios será um dos principais temas emdebate na oficina “Espiritualidade nos Negócios”, queacontecerá no próximo dia 4 de junho de 2002 em SãoPaulo. Organizada pela WBA – World Business Academy(www.elos-wba.com.br) e com apoio do Instituto Ethos -Empresas e Responsabilidade Social (www.ethos.org.br),será uma oportunidade de complementar o Spirit inBusiness 2002 (www.spiritinbusiness.org), realizado emNova York entre os dias 21 e 23 de abril, com acoordenação conjunta de David Cooperrider, Peter Sengee Daniel Goleman.

SERGIO BUAIZ – Pulicitário e Escritor

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